domingo, 11 de dezembro de 2011

Fechado para obras. Em horário totalmente inadequado

  
Péssima a ideia da LAMSA, de fechar o Túnel Engenheiro Raymundo de Paula Soares na noite de sábado (ontem) para domingo. Mesmo com serviços emergenciais a serem feitos, em virtude do incêndio ocorrido na galeria, três dias atrás, a operação relativamente normal ao longo de sexta e sábado bastava, para que se pensasse em dividir o trabalho de recuperação ao longo de uma sequência de madrugadas vindouras, mas jamais no final de semana, quando o deslocamento ao longo da Avenida Governador Carlos Lacerda (em especial, à noite e de madrugada) é mais significativo.

A fila de veículos na pista sentido Fundão, à uma hora da madrugada de hoje, era de quase um quilômetro, desde o Túnel Geólogo Enzo Tostes até o desvio para a faixa reversível, logo depois do túnel acústico. Um transtorno desnecessário e imprudente, para centenas de motoristas confinados numa via que se propõe 'expressa'.

Trata-se de um despreparo inadmissível para uma concessionária dotada dos recursos técnicos e humanos de que a LAMSA dispõe.


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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tratado sobre a mesmice - a perda da identidade dos nossos ônibus


 


Os ônibus do sistema de transporte público de passageiros da Cidade do Rio de Janeiro continuam desconfortáveis, malconservados, em sua maioria não climatizados, rodando em itinerários inadequados... Porém estão de cara nova; nova e única, a menos de um 'sur ton' de amarelo, verde, azul ou vermelho, conforme a região da cidade. O Rio, que é colorido por sua própria natureza, deixou seus coletivos com a cara de São Paulo: cor de cinza. Predominantemente cinza. Cinza claro, mas cinza. Cinza como é o dia nublado, que os versos da gaúcha Adriana Calcanhoto afirmam não ser do gosto dos cariocas. Cinza como o mais eloquente antônimo de cor. 

Graças a essa genial tirada dos 'ténicos' do município, acabaram com a mais elementar e eficiente forma de identificação de veículos e linhas para o público usuário: as pinturas das frotas, marcantes por suas cores, desenhos, enfim, por sua informação visual, das mais importantes para se localizar o bendito ônibus no meio do trânsito. Vá lá que o sistema precisava de uma repaginada, já que repleto de soluções de mau gosto ou ineficazes em suas propostas. Mas nada que um belo concurso entre designers, ilustradores, profissionais de comunicação ou mesmo o povão não resolvesse, seguindo um norte pré-estabelecido, como uma contribuição de cunho artístico para valorizar o serviço de transporte coletivo em nossa cidade. 

Sou do imenso time de críticos que defende que a Prefeitura deve rever, com o maior empenho, essa má ideia de padronizar a pintura da frota como um todo, apesar do argumento dos burocratas da administração municipal de que 'qualquer cidade decente do mundo' tem seus ônibus com identificação visual padronizada. Na mesma linha (a de raciocínio), a Ouvidoria eletrônica da Prefeitura diz que a mudança foi pensada para 'melhorar o conforto visual da população em geral'. É um tipo de defesa, vazia, que desconsidera um aspecto primordial: o Rio não é 'qualquer cidade'; é o Rio! E, a propósito, alguém tenha a fineza de explicar o que vem a ser 'melhora no conforto visual da população em geral', definição tão brilhante que, até agora, eu não consegui alcançar.

Tornar o conjunto de coletivos que rodam em nossas ruas uma massa sem vida e sem cor, já que da mesma cor, é ainda um verdadeiro atentado à criatividade, desmerecendo mais um traço dos mais característicos que o Rio de Janeiro possui. Todos os veículos deixaram de ser 'o', passando a ser 'mais um' ônibus, misturados aos demais. Pior do que isso: empresas deixam de ter seus próprios nomes, suas marcas registradas, que agora ficam escondidas sob letras – pequeníssimas – em variantes de cinza, sem o devido contraste, e sujeitas a uma denominação genérica de consórcio – que deveria, isto sim, ser mais uma marca associada, não um nome perdido no espaço. Tudo fica absolutamente igual, insosso, estéril, amorfo. 

Ou quase tudo: ao contrário dos nomes das empresas, o da Prefeitura sobressai, desproporcionalmente maior na mancha gráfica da programação visual adotada. O município é o dono da bola, contratando empresas para realizar o serviço de transporte coletivo. Porém é conveniente saber-se quem presta este serviço. Esse alguém tem uma razão social, um nome fantasia ou um apelido. Que passou a ser apenas um detalhe, seja para a população, seja para a fiscalização da própria Prefeitura (SMTU), outra prejudicada pela padronização. 

Serviços diferenciados, como as linhas 2000, com ar condicionado, além dos frescões, deixam de ser diferenciados, ao menos visualmente: tudo é um mar de cinza sobre branco, na paisagem da cidade.

Pessoas não letradas, incluindo-se crianças em processo de alfabetização, são grandemente prejudicadas, já que a linguagem do elemento pintura de frota, como diferenciador, deixa de existir.

Aliás, a pretendida padronização visual, na realidade, é ainda uma ficção. A começar pelo uso do nome oficial de um dos corredores projetados pela prefeitura – Transcarioca – como designação de um dos quatro novos consórcios operacionais, o que deveria ter sido vetado. Mau sinal; de planejamento mal feito. Há também diagramações diferentes dos elementos para um mesmo uso (nome do consórcio, nome da empresa, número de ordem, sinalização de portas de 'entrada' e 'saída' e a própria disposição e o tamanho destes elementos), com tipologia variável (despadronização por absoluto desconhecimento de quem pinta), aparições diferentes de nomes de empresas operadoras (ora razão social completa, ora razão social sem 'Ltda.' ou 'S/A', ora o nome completo todo abreviado, ora apenas o nome principal), para ficar só em alguns dos senões. Uma mistura, portanto, que está longe de padronizar qualquer coisa. 

Empresas têm ônibus alocados nos quatro consórcios (?), prontos para rodar em qualquer parte da cidade. A Auto Viação Tijuca tem veículos cadastrados no consórcio Intersul ('letra de ordem' A, agora junto ao número de ordem), embora rode somente, além do Centro, nas zonas Norte e Oeste. Qual é o critério, então? Há critério?

De volta à pintura, por que não deixar que ela mostre, seguindo as silhuetas dos veículos, os nossos traços mais característicos em Cristos Redentores, Calçadões de Copacabana, Morros Dois Irmãos, Igrejas da Penha, Pedras da Gávea, Pontes Rio - Niterói, Arcos da Lapa e Pães de Açúcar, estilizados em formas e cores vivas, próprias do espírito carioca
que o projeto implantado não é capaz de atingir?

A 'cara' dos ônibus, primeira visão que se tem deles, fala muito aos passageiros. Padronizar os táxis foi enormemente vantajoso para a cidade, até porque trata-se de um serviço personalizado, com rotas à escolha do usuário e com veículos menores, que precisam do apelo visual para serem encontrados no meio do trânsito. Mas ônibus, a gente conhece – e reconhece – pela linha.

Ainda há tempo de reverter a impropriedade da mesmice da pintura e contribuir para uma revitalização da frota, com ideias avançadas e de bom gosto, criativas, práticas, lógicas e tudo o mais que se possa dizer para definir o que não é o que está aí. Ajustes são possíveis em tudo; e necessários, naquilo que não funciona direito. Sem esquecer, claro, o fundamental: veículos modernos, confortáveis, climatizados e trafegando em rotas adequadas, a preço compatível com o serviço e a capacidade de desembolso do ilustre passageiro.

Que nossa excelência, o Prefeito, tenha o bom senso e a boa vontade de meditar melhor a respeito.

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