quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Dia sem luz, festa do sol...!

  
A Natureza tem mesmo seus caprichos. Esta quarta-feira início de semana, passadas a Proclamação da República e o Dia da Consciência Negra, amanheceu com a Barra da Tijuca envolta em névoa espessa, capaz de uma obra de arte. Uma aquarela cinza-claro pintada no céu simplesmente apagou todo o relevo que contém a Pedra da Gávea, para espanto de quem descia as avenidas Armando Lombardi e Ministro Ivan Lins, em direção à Zona Sul.

Entretanto, bastava vencer o primeiro túnel - o do Joá - do Elevado das Bandeiras, para se descortinar um sol obstinado, teimando em furar o bloqueio da cerração. E, mais alguns minutos depois, dar com São Conrado vívida, com predomínio de azul entre poucas nuvens. Leblon, Ipanema e Copacabana, de onde escrevo, seguem o esquema, com dia claro.

Altos e baixos do tempo de primavera, a um mês exato de o Verão dar as caras.

   

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Muitos anos de estrada e de prelo


Parabéns ao Jornal do Commercio pelos seus 185 anos! A publicação há mais tempo publicada ininterruptamente em toda a América Latina. Nascida ainda no Rio de Janeiro dos tempos de capital do Império.

Um marco na imprensa brasileira.

   

domingo, 16 de setembro de 2012

Concorrência burra


Que tristeza! Os modais que compõem o transporte de massa da Cidade do Rio de Janeiro se enxergam como concorrentes, e não complementares, como deveria ser. Existisse uma autoridade pública presente, isso não aconteceria.

A expressão dessa disputa é o tom do anúncio da Supervia, operadora ferroviária de passageiros, exposto em mupis (mobiliários urbanos para informação, os painéis de publicidade que existem nas calçadas e pontos de parada) pela cidade, perguntando se você prefere estar sentado no ônibus ou no sofá de casa. A insinuação óbvia é a de que de trem, na comparação com o coletivo, a pessoa já poderia ter chegado de volta do trabalho - o que até tende a ser verdade, dada a velocidade operacional e a prioridade de deslocamento do trem.

À exceção do empresariado do modo rodoviário, ninguém discute a primazia do trem (o trem mesmo, como deveria e poderia ser) em termos de rapidez, conforto, confiabilidade, pontualidade e outros requisitos que, mais do que características, podemos tomar também como qualidades do modo ferroviário. Países inteligentes privilegiam a estrada de ferro como transporte de massa.

Um dia, fomos inteligentes assim e andávamos de trem. Mas a ânsia do progresso rápido, a qualquer custo, faz coisas inacreditáveis. Como destruir uma fabulosa malha dispersa, por exemplo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, condenando pouco a pouco uma multidão de trabalhadores a reféns de um sistema pessimamente estruturado, com linhas e linhas de ônibus e mais ônibus, concorrentes entre si. Tanto em termos de trajetos, desmesuradamente superpostos, quanto de (má) qualidade de serviço.

Tornar ao trem é imprescindível e inadiável. Seja no metrô ou nos trens de subúrbio, uma diferença, na verdade, quase somente retórica, relacionada a filigranas do modus operandi desses dois sistemas. Não é uma questão de escolha, nem um favor que se faz ao usuário. A mobilidade cada vez mais comprometida das grandes cidades exige mudar o paradigma. Obriga a dar a mão à palmatória e admitir o erro que foi abandonar as ferrovias e relegar o trem - condição que se firmou no Rio por décadas - ao estigma de ser o pior dos transportes: ruim, sujo e impontual, para sacrificar pouco. Aí, só mesmo o Poder Público para agir, saindo em socorro da população e restabelecendo ao menos um centésimo do bom senso.

Assim, que tal, em vez de brigar pelo ilustre passageiro, unir forças para oferecer a esse belo tipo faceiro um transporte integrado, decente, com a qualidade que ele merece - e pela qual paga?


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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Que essa onda pegue

  
Belo trabalho, o da estudante Tatiana Waintraub, mestranda de Computação Gráfica da PUC do Rio, com a orientação do professor Waldemar Celes, de criação de um programa de computador que reproduz o mosaico de ondas da calçada da Praia de Copacabana. Pessoas que se preocupam com o nosso patrimônio de características cariocas e demonstram, com isso, seu Amor pelo Rio de Janeiro.

Diferentemente da atual candidata à reeleição para a Câmara Municipal, vereadora Cristiane Brasil, que chegou a propor uma lei municipal (4.658/2007), vetada pelo então prefeito Cesar Mais, proibindo novas calçadas feitas com pedras portuguesas na cidade. Um modo pouco ou nada inteligente de tentar resolver o problema de calçamentos mal feitos que dão tombos em pedestres, em vez da opção simples por cuidar para que a calcetaria, que é uma arte, seja feita com esmero.

Vale aqui a sugestão de se baixar na internet e assistir 'Rio de Janeiro - City of Splendour', um notável documentário de 1936, com imagens coloridas da então capital federal. Em dado momento, decorridos 2min35s de exibição, o locutor diz textualmente, sobre imagens da Praça Floriano, na Cinelândia, em tradução livre: 'O aspecto mais singular das ruas limpas e largas é o mosaico decorativo (de pedras portuguesas) que adorna as calçadas. Praticamente todos os quarteirões têm pavimentos com padrões concebidos com tamanha exclusividade, que uma pessoa poderia identificar onde está apenas pelos desenhos no chão'. Por que, então, negar aos cariocas mais esta manifestação de carinho para com o seu chão?

Parabéns pela iniciativa! E que ela faça ressurgir, com força total, a ideia de se embelezar as nossas calçadas com bonitos motivos criativos, desenhados em calcário e basalto.


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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Haja buraco!


A cidade dos próximos Jogos Olímpicos já treina, em seu dia-a-dia, para 2016. Os 200 metros com obstáculos são disputados, em grande estilo, pelos ônibus que trafegam pela Rua da América, junto ao Terminal Coronel Américo Fontenelle - atrás do prédio da Central do Brasil. Nem o rali Paris - Dacar proporciona condições tão inóspitas aos motoristas aventureiros. São crateras que obrigam os veículos a parar, para que se possa escolher a trajetória menos perigosa e de menor impacto para a suspensão.




Cadê a tal Operação Asfalto Liso?


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domingo, 1 de julho de 2012

Rio: Patrimônio Mundial como paisagem urbana

  
Somos, desde hoje, Patrimônio Mundial como paisagem cultural urbana. O Rio de Janeiro é a primeira cidade do mundo a candidatar-se e receber o título, concedido pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência, e a Cultura. O Comitê, órgão independente composto por 21 Estados-partes da Convenção do Patrimônio Mundial de 1972, decidiu pela honraria em sua 36ª sessão, que acontece entre 24 de junho e 6 de julho em São Petersburgo, na Rússia.


O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Luiz Fernando de Almeida, que acompanhou os trabalhos junto com a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, disse que 'o Rio representa a imagem mais difundida do patrimônio brasileiro no mundo', concluindo que 'foi preenchida uma lacuna da representação do Brasil para fora do país'.


Um orgulho a mais, somado a tantos outros que os bons cariocas nutrimos pela terra querida. Parabéns, Rio!


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terça-feira, 29 de maio de 2012


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Para o bem de todos e o desenvolvimento do Rio, o IED fica


Parece que, finalmente, vai se encerrar o impasse quanto à instalação e o funcionamento do IED, o Istituto Europeo di Design, no prédio que já abrigou o Cassino e Balneário da Urca (até a segunda metade dos anos 1940) e a Televisão Tupi (entre 1951 e 1980). Sem uso por mais de duas décadas, o local foi concedido para a instalação da entidade, porém o projeto foi prejudicado pela Associação de Moradores da Urca (AMOUR) e também pela Câmara Municipal, que impediu em 2009 a transformação do imóvel.

Agora, a solução chega por meio do funcionamento, no antigo Cassino, apenas do Centro Latino Americano de Pesquisa e Desenvolvimento, com a ida dos cursos de graduação de Arquitetura e Design para o campus (ou 'morrus', segundo um meu contemporâneo de Colégio Zaccaria, em virtude de a localização ser sobre um penhasco) da Universidade Santa Úrsula, em Botafogo. Recentemente, após um período de crise, a USU iniciou um processo de reestruturação, visando a resgatar a sua presença no ambiente educacional do Rio de Janeiro.

O principal argumento para se impedir a ida do IED para o prédio, que restou abandonado com a cassação da TV Tupi, teria sido a inexistência de Relatório de Impacto de Vizinhança, que poderia apontar grande interferência no adensamento populacional e na mobilidade da região, considerando-se o afluxo previsto pela realização das atividades da instituição num bairro eminentemente residencial, dotado de infraestrutura viária acanhada e despreparada para essa demanda. Na época, por pressão da AMOUR, os vereadores derrubaram, por unanimidade, o veto do então Prefeito Cesar Maia à Lei 1.552/2007, que tomba a construção e estabelece restrições de uso para o imóvel.

Teria sido mais fácil na ocasião que a Câmara, ela sim legítima representante dos cidadãos cariocas, de todos os bairros, mantivesse diálogo com o Executivo, de modo que, em conjunto, se pudesse chegar a uma solução que fosse benéfica não somente para a Urca mas também para o Rio de Janeiro como um todo. Afinal, não era possível compreender como vereadores e moradores presumivelmente sensatos poderiam se opor à chegada de um organismo de alto nível para ocupar um espaço em longa e progressiva decadência. Ou será que interessava a alguém - e o distinto público não sabia - manter a degradação do Cassino e, por extensão, da própria Urca?

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sexta-feira, 2 de março de 2012

Cariocas de São Paulo, da Austrália e de coração


Ninguém deixe de assistir a 'The City of Samba', resultado de uma parceria dos videomakers Jarbas Agnelli e Keith Loutit, autores, respectivamente, de 'Birds on the wires' e 'Bathtub IV', vídeos premiados dentre os mais criativos do mundo em 2010 pelo YouTube Play Guggenheim Biennial Festival.


A co-produção utiliza uma combinação de duas técnicas: tilt-shift (que recorre ao enquadramento da câmera com limitação da profundidade de campo, tornando as fotografias de objetos e cenários reais parecidos com maquetes) e time-lapse (filmagem em que cada fotograma ou quadro [frame] é tomado a uma velocidade muito mais lenta do que aquela em que o filme será reproduzido, provocando a sensação de o tempo correr mais depressa), resultando a ilusão de ótica de tudo parecer miniatura.

'The City of Samba' traz imagens de cartões postais e de cenas urbanas do Rio de Janeiro, numa bonita homenagem de um paulista e de um australiano à Cidade Maravilhosa, que aniversariou ontem.

Disponível na rede, no endereço http://vimeo.com/37157187.


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quinta-feira, 1 de março de 2012

Parabéns, menina!

  
A aniversariante teve um dia como gosta, ao seu estilo: de altíssimo astral, repleto de sol, sem uma nuvenzinha sequer no céu, com o calor com que conquista todos aqueles que aqui chegam. (Nesse aspecto específico, concordemos que poderia ser um pouco menos...) Brindou seus filhos, os naturais e os adotados, com o visual mais vivo de suas belezas, desde o tenro alvorecer ao grande espetáculo do pôr-do-sol, brincando de provocar contrastes os mais interessantes, no derradeiro lusco-fusco.

Bem que deveria ser feriado. Afinal, toda cidade comemora seu aniversário em dia feriado. Mas aqui, talvez para contrariar a lenda surrada de que carioca é um ser preguiçoso, se trabalha todo Primeiro de Março. Quem sabe, porém, um dia não vire?

Feriado ou não, é o nosso outro dia sagrado - além de 20 de janeiro, dia do padroeiro São Sebastião, este sim feriado, que já foi comemorado décadas atrás como sendo o dia do aniversário da cidade. E é uma data para lembrar àqueles que amam o Rio de Janeiro que é preciso reverenciá-lo todos os dias. Coisa que se faz cuidando dele: respeitando as normas de bom convívio (não jogar lixo na rua, ser cortês no trânsito...), as leis de um modo geral e tudo que possa significar mantê-lo como a Cidade Maravilhosa.


E, sobretudo, pensando muito bem em quem devemos escolher para tomar conta, junto de nós, desse pedacinho do Paraíso, que Papai do céu teve tanto carinho e absoluto esmero em desenhar e esculpir.

Felicidades, minha querida Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro!

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